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para uns pontapés na bola. e não só.

2006-07-16

Mito: Scolari é o melhor seleccionador de sempre

Em 1990 Carlos Queirós pegava na selecção nacional numa fase de apuramento em que tínhamos como principal adversário a equipa campeã da Europa, a Holanda de Van Basten, Gullit, Rijkaard, Koeman… Ainda cometeu a proeza de vencer a toda-poderosa Grécia, mas não fomos além de um segundo lugar. Na nossa equipa havia jogadores como Nelo, Oceano, Venâncio, Leal, Veloso, Nogueira, João Pinto, César Brito. Grandes talentos, portanto.
Este mesmo seleccionador “fez” os Figos, os Rui Costas, os Joões Pintos ou os Fernandos Coutos e não teve problemas em lançá-los na equipa com a idade do Quaresma. Ainda fez a fase de apuramento para o Mundial de 1994, em que só perdemos com a Itália, mas outro 2º lugar fez dele o culpado óbvio, despedido e enxovalhado em praça pública.
Oliveirinha foi chamado para o ataque ao Euro-96. Defrontávamos a Irlanda e a Áustria, na altura equipas do nosso nível e com maior experiência. Apurados em 1º lugar, fomos destaque em Inglaterra, onde o célebre chapéu de Poborsky nos eliminou. Mas o bom futebol ficou na retina de meia-europa.
A geração de ouro estava no auge das suas carreiras. Artur Jorge não a aproveitou e ficamos de fora do Mundial de França.
Desde 2000 porém não falhámos outra grande competição. As fases de apuramento foram-se tornando mais acessíveis pelo histórico acumulado e pala crescente qualidade dos jogadores.
Humberto Coelho, um treinador pouco mais que mediano, soube gerir os craques que tinha ao dispor e fez um Europeu de sonho. Eliminámos, convincentemente, a Inglaterra, a Alemanha, a Roménia, a Turquia. Marcámos 10 golos. O melhor futebol da Europa foi eliminado por uma França no pico das suas capacidade, no prolongamento de umas meias-finais. Humberto, esse, foi dispensado.
Já toda a gente sabia onde era Portugal. Já todas as selecções nos respeitavam. Os nossos jogadores eram destaque nos grandes clubes mundiais.
Ao apuramento para 2002 coroou-se de êxito, mas a fase final foi um fracasso, curiosamente à semelhança de todas as equipas europeias…

Veio Scolari para preparar o Euro-2004, com um ordenado chorudo, como nunca se tinha visto por cá. Não havia apuramento. Estavam criadas as condições para um seleccionador como nunca o tinham sido para ninguém. Falhou, mas ficou.
Para o mundial de 2006 a fase de apuramento mais fácil de sempre, mérito dos seleccionadores anteriores, que para isso contribuíram.
Na fase final o grupo mais fácil que poderia haver. 1º lugar óbvio.
O futebol praticado ficava aquém das expectativas, mas a sorte acompanhava a selecção com a Holanda e com a Inglaterra, apesar das opções tácticas, no mínimo discutíveis.
Surgiu-nos nas meias-finais a mesma França que nos eliminara em 2000, agora mais envelhecida e com mais pontos fracos. Perdemos. Jogámos mal. Atirámo-nos ao árbitro. E Scolari renovou.